Através dos nossos diversos programas, procuramos enfrentar os desafios únicos que as crianças em Moçambique enfrentam. Acreditamos no poder da educação e da comunidade para promover mudanças positivas.
Meus Direitos & Meu Futuro (MD&MF) é um pequenoprojeto-piloto em execução entre 2023 e 2025 com o apoio da Fundação Prémio dasCrianças do Mundo, Suécia. Os objetivos do MD&MF são apoiar as raparigasmais vulneráveis em Moçambique;aquelas que foram forçadas a casar, são mãesadolescentes e abandonaram a escola após a pandemia de Covid-19, e sensibilizaraldeias inteiras, para que adquiram um conhecimento duradouro e respeito pelosdireitos das crianças, direitos iguais das raparigas, e saúde e direitos sexuais,reprodutivos e menstruais, tornando-se Aldeias Amigas dos Direitos daCriança e das Meninas. Através deste projeto, mais de 100 das raparigasmais vulneráveis foram ajudadas a recuperar os seus sonhos para o futuro ecerca de 5.000 pessoas nas suas aldeias aumentaram os seus conhecimentos esensibilização sobre os direitos das crianças e das raparigas.
“Nunca tinha ouvido falar dos direitos das crianças antes do projeto MeusDireitos & Meu Futuro… Não sabia que quando o meu pai me mandou sair daescola, estava a violar os meus direitos. Agora que sei, digo-lhe que querovoltar à escola. Hoje aprendi muito sobre ser uma agente de mudança na minhaaldeia, para outras raparigas e rapazes onde vivo. Quero muito ser umaembaixadora dos direitos das crianças e ajudar outras raparigas da minha zona.” Rapariga, 16 anos, Embaixadora dos Direitos da Criança
As raparigas participantes aprenderam sobre os seusdireitos e tornaram-se embaixadoras dos direitos das crianças e agentes demudança nas suas aldeias. Receberam também apoio com uniformes escolares,materiais escolares e propinas. O projeto inclui ainda formação em saúde edireitos sexuais, reprodutivos e menstruais. Receberam também formação emempreendedorismo e poupança, além de máquinas de costura e materiais parafabricar pensos higiénicos reutilizáveis. As raparigas participantes oferecemquatro pensos higiénicos a cada rapariga da aldeia num pequeno saco de algodão(raparigas mais velhas podem optar por um copo menstrual) e vendem pensoshigiénicos a mulheres das aldeias vizinhas.
Os colegas das raparigas mais vulneráveis, incluindo osrapazes, são formados como embaixadores dos direitos da criança e agentes demudança na aldeia, incluindo formação em saúde e direitos sexuais, reprodutivose menstruais. Professores da aldeia, diretores escolares, líderes tradicionaise religiosos, funcionários do governo e enfermeiros, entre outros, também sãoformados como embaixadores dos direitos da criança.
“A formação de Embaixador dos Direitos da Criança foimuito significativa para mim, porque me deu uma compreensão clara dos direitosdas crianças e da importância de defender aqueles que são vulneráveis. Porexemplo, agora sei o quão importante é combater o trabalho infantil, ocasamento precoce e todas as formas de abuso. Para mim, esta formação é mais doque apenas aprender sobre direitos – é uma oportunidade de criar mudançaspositivas na minha comunidade. Sinto-me capacitada para partilhar o que aprendicom outras crianças e adultos. Por exemplo, se eu vir uma rapariga a abandonara escola devido à pressão familiar, posso falar com os pais dela eexplicar-lhes que a educação é um direito e uma chave para um futuro melhor.
Quanto ao meufuturo, acredito que esta formação me ajudará a tornar-me uma líder responsávelque luta pela justiça e igualdade. Agora sinto-me confiante para falar sobrequestões como a educação, igualdade de género e proteção infantil. Por exemplo,quero criar pequenos grupos na minha comunidade onde possamos discutir estestemas e encorajar outras crianças a conhecerem os seus direitos e a falaremabertamente. Esta formação mostrou-me que posso ser uma agente de mudança, nãosó para mim, mas para todos à minha volta.” Rapariga, 16 anos, Embaixadora dos Direitos da Criança
Juntos, as raparigas mais vulneráveis e os seus colegas,com o apoio dos embaixadores adultos, tornam-se uma força poderosa de mudançapara o respeito pelos direitos das crianças, incluindo a igualdade de género,na comunidade local.
Uma avaliação abrangente após o primeiro ano do projeto mostra que 95% (100%das raparigas mais vulneráveis) indicam que ganharam coragem para dizer que osdireitos das raparigas devem ser respeitados. Como embaixadores dos direitos dacriança, as crianças educam outros membros da comunidade (família, vizinhos,amigos, etc.). Em média, falaram com 258 pessoas sobre os direitos dasraparigas. 100% das raparigas mais vulneráveis falaram com os seus amigos,familiares e vizinhos sobre o direito das raparigas à educação.
Os professores e líderes escolares, bem como os líderesinformais (sobretudo tradicionais e religiosos) e formais formados no âmbito doMD&MF, adquiriram maior conhecimento e compromisso com os direitos dacriança. 100% dos líderes informais querem incentivar as crianças a defenderemos seus direitos, proteger os direitos das crianças na sua comunidade, protegeras raparigas contra o casamento infantil, lutar contra práticas culturaisnocivas e promover a sensibilização na comunidade sobre os direitos das criançase a igualdade de género.
Os líderes formais falaram, em média, com 199 pessoas nas suas comunidades em2024; os líderes informais com 256 pessoas e os professores com uma média de 227 pessoas.
“Com tudo o que aprendi hoje durante esta formação, vou conseguir falarcom outras pessoas que não tiveram oportunidade de fazer este curso. Vou sempreaproveitar as reuniões do conselho escolar para falar com os pais eencarregados de educação sobre este tema importante. Também falarei com os meusvizinhos e ensinarei as raparigas sobre os seus direitos e a importância deirem à escola.” Sofia Celestino, Presidente do Conselho Escolar, Mapulanguene
O projeto Educação em Saúde Sexual e Reprodutiva – SHARE,iniciado em 2023 com duração de três anos, é implementado pela SANTAC emparceria com a Right to Play, WaterAid e FHI360 no Distrito de Boane,abrangendo 26 escolas e cinco comunidades.
O objetivo final do projeto é promover o pleno gozo dos direitoshumanos relacionados à saúde, com foco em raparigas e rapazes dos 10 aos 19anos em escolas primárias e secundárias, bem como em adolescentes e jovens forado sistema escolar, com idades entre 10 e 24 anos. A iniciativa visaempoderá-los para que possam exigir uma melhor qualidade nos serviços de saúdesexual e reprodutiva.
O projeto adota uma abordagem holística para a promoçãodos Direitos à Saúde Sexual e Reprodutiva, centrando-se no aumento do acesso eda qualidade dos serviços, bem como no enfrentamento dos estigmas e dadiscriminação associados à saúde reprodutiva. As ações incluem o trabalho comprofessores nas escolas, com o objetivo de garantir ambientes de aprendizagempositivos e sensíveis ao género, e com agentes comunitários de saúde (ACS) eunidades sanitárias, assegurando que os serviços prestados sejam adequados àsnecessidades dos adolescentes e sensíveis às questões de género. Paralelamente,membros das comunidades são mobilizados e envolvidos em atividades destinadas afortalecer o apoio aos adolescentes e jovens no acesso à educação sobre saúdesexual e reprodutiva e a serviços responsivos ao género.
O projeto beneficiará diretamente 84.374 raparigas e 50.625 rapazes com idades entre 10 e 19 anos, matriculados no ensino primário esecundário. Além disso, alcançará 9.090 raparigas e mulheres jovens e 5.910rapazes e homens jovens fora do sistema escolar, com idades entre 10 e 24 anos,com o objetivo de empoderá-los para que exijam melhores cuidados de saúdesexual e reprodutiva. A iniciativa abrangerá 150 escolas primárias esecundárias, 150 professores e 300 Líderes Juniores, bem como 86 unidades desaúde. Estima-se que o projeto alcance um total aproximado de 397.500 beneficiários indiretos, dos quais 238.500 são mulheres.
O projeto é financiado pelo Governo do Canadá. A gestãoorçamental está a cargo da Right to Play e da WaterAid, com um total de3.217.121 Meticais atribuídos à SANTAC para cobrir custos salariais e despesasadministrativas.
A implementaçãodo projeto ainda está em curso, mas já alcançou os seguintes resultados:
• As estratégias de comunicação e os materiais foramrevistos e são sensíveis ao género.
• Toda a equipa do projeto foi formada, e clubes foram criados nas escolas ecomunidades.
• Foram criados fóruns e diálogos comunitários sobre como abordar questões degénero relevantes e práticas tradicionais prejudiciais.
• Foi estabelecido mecanismos para a inclusão dos temas do projeto noscurrículos escolares.
• Crianças foram formadas em liderança e advocacy.
• Foram apoiadas raparigas para que participassem em fóruns nacionais,regionais e internacionais.
• Foram organizadas atividades de advocacy nas escolas sobre os temas: Bullyinge assédio sexual nas escolas.
• O programa de mentoria para raparigas adolescentes e jovens mulheres, visandomelhorar a tomada de decisões sobre escolhas de vida, está em andamento nosclubes escolares e comunitários.
• Adolescentes e jovens em escolas e comunidades foram formados na produção depensos reutilizáveis através dos clubes criados.
Durante muito tempo observámos que as crianças que vivemdentro e nos arredores do Parque Nacional do Limpopo eram sujeitas a violaçõesdos seus direitos, especialmente os direitos das raparigas. As vozes dasraparigas não eram ouvidas. Muitas eram forçadas a casar e a abandonar aescola. Muitos rapazes eram enviados para caçar furtivamente ou trabalhar noscampos em vez de irem à escola. A caça furtiva é comum na área, o que tem tidoum impacto severo na vida selvagem. O casamento infantil e a caça furtiva sãoilegais em Moçambique. O nosso objetivo foi formar crianças, professores elíderes locais para que possam ter um impacto a longo prazo nas suascomunidades locais e aumentar o respeito pelos direitos das crianças,especialmente das raparigas, e pelos direitos da vida selvagem.
“O Geração de Paz e Mudança mudou a minha vida e estou feliz por poderparticipar no projeto na minha escola. Muitas crianças não iam à escola porqueos pais as obrigavam a trabalhar ou a caçar. Muitas começaram a voltar àescola. Em casa, nós, raparigas, ainda fazemos a maior parte do trabalho, masos rapazes já começaram a ajudar mais. Quando lavo a loiça, o meu irmão sabeque deve ajudar a varrer o quintal. O rito de iniciação khomba para nós,raparigas, foi suspenso e já não somos forçadas a casar.” Anastàcia, 14 , Escola Cubo
The Geração de Paz e Mudança (GPM) project was implemented in 2019-2023 in partnership with the World's Children's Prize Foundation and the Peace Parks Foundation, with support from the Swedish Postcode Lottery. The Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano provided support for the project and the local school authorities were responsible for the logistics of our courses for children, teachers, parents and local leaders.
O projeto Geração de Paz e Mudança (GPM) foiimplementado entre 2019 e 2023 em parceria com a Fundação Prémio das Criançasdo Mundo e a Peace Parks Foundation, com o apoio da Loteria do Código Postal daSuécia. O Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano prestou apoio aoprojeto, e as autoridades escolares locais foram responsáveis pela logísticados cursos destinados a crianças, professores, pais e líderes comunitários.
“A minha família respeita os meus direitos, mas os meus irmãos não meajudam com o trabalho doméstico. Eu moe o milho, cozinho, vou buscar água elenha. Os meus irmãos só levam o gado a pastar e depois vão à escola. Muitasraparigas da aldeia são forçadas a casar e têm filhos antes dos 18 anos. Ospais recebem dez bois e dinheiro como lobola da família do noivo. Duas amigasminhas, que estavam comigo na sexta classe, estão agora grávidas. Comoembaixadora, vou falar com elas e tentar convencê-las a voltar à escola. Tambémvou ensinar os meus colegas sobre os seus direitos. É a primeira vez que somoseducados sobre os direitos das crianças e das raparigas no nosso distrito.” Sonia, 14, Escola Matafula
823 crianças em 205 escolas, 43 crianças que foramforçadas a abandonar a escola, 367 professores, 205 pais e 50 líderes locaisforam formados como embaixadores dos direitos das crianças e dos direitos davida selvagem durante cursos de dois dias. As crianças e os professores,posteriormente, formaram as restantes 50.709 crianças com 10 ou mais anos naárea do Limpopo. Os líderes locais educaram as suas comunidades. O projeto foiigualmente implementado por outros parceiros do outro lado da fronteira, na áreado Parque Nacional de Gonarezhou, no Zimbabué. A pandemia de Covid-19 atrasou aimplementação do GPM, mas o objetivo foi alcançado, tanto em número departicipantes como em termos de impacto.
“Antes, muitos pais da nossa aldeia tiravam os filhos da escola porqueachavam que a caça furtiva era mais importante. Muitos jovens morreram durantea caça. Depois do curso do GPM, continuámos o trabalho na aldeia e agora muitasmais crianças vão à escola. No passado, muitas raparigas também abandonavam aescola cedo. Temos uma tradição muito antiga chamada khomba. As raparigas eramlevadas para o mato para se prepararem para o casamento. Depois do khomba,saíam da escola e eram forçadas a casar.
Estou feliz que o projeto Geração de Paz e Mudança tenha chegado até nós. Apósa formação, realizámos reuniões com os moradores para explicar os riscos dacaça furtiva, o facto de muitos pais não deixarem os filhos ir à escola e osperigos do khomba. O projeto ajudou-nos muito. Enquanto o diretor e osprofessores falavam com as crianças na escola, eu, como líder da aldeia,consegui influenciar os moradores. Os embaixadores treinaram os seus colegas.Agora há várias mudanças. Há muito menos rapazes a abandonar a escola paracaçar. Nenhuma rapariga abandona a escola por causa do khomba. Já nãopermitimos o khomba, porque era um ritual que não trazia nada de bom àsraparigas.” Isaak Alione Cubae, Líder Comunitário, Cubo
Realizámos um inquérito qualitativo exaustivo com 379crianças (cerca de metade eram embaixadoras dos direitos das crianças; asrestantes eram crianças formadas nas escolas pelos embaixadores e pelosprofessores) e com 279 professores, pais e líderes comunitários. As respostasmostram claramente como o GPM contribuiu para a mudança. Por exemplo, 100% dascrianças afirmam agora querer ser agentes de mudança nas suas aldeias edefender os direitos das crianças, das raparigas e da vida selvagem; 100% dosprofessores falaram sobre estes direitos com os seus alunos e 98,9% também comoutras pessoas da comunidade; 98,6% dos pais discutiram estas questões com assuas famílias e vizinhos. 96,2% dos líderes locais têm agora um melhorconhecimento sobre a igualdade de direitos entre raparigas e rapazes; 100%querem incentivar as crianças a defenderem os seus direitos e 100% queremcontribuir para garantir que os direitos das raparigas sejam respeitados na suacomunidade.
O projeto COVida – “Juntos pelas Crianças” foiimplementado no Distrito de Boane entre abril de 2018 e março de 2023. Oprojeto teve início em parceria com a Associação Moçambicana para oDesenvolvimento da Família (AMODEFA), mas a parceria foi transferida para aSANTAC devido a um conflito de interesses entre o Governo dos EUA e a AMODEFAem relação às políticas de planejamento familiar. O projeto foi financiado pelaUSAID e implementado pela SANTAC em parceria com a FHI 360 (Family HealthInternational), com um orçamento de 6.770.907 Meticais.
O objetivo geral foi fortalecer as capacidades dasfamílias e comunidades para cuidar e proteger as Crianças Órfãs e Vulneráveis(COVs) com idades entre 0 e 17 anos e suas famílias, infectadas ou afetadaspelo HIV. Objetivos adicionais incluíram aumentar a utilização de serviçossociais, de saúde e nutricionais de qualidade; reduzir a vulnerabilidadeeconômica das famílias de COVs; apoiar a melhoria dos serviços deDesenvolvimento Infantil Precoce (DIP) e estimular as famílias a promover odesenvolvimento de crianças com menos de 5 anos de idade.
O projeto apresentou resultados e efeitos significativospara os beneficiários, incluindo:
- Os beneficiários estão conscientes dos seus direitos eusufruem dos serviços públicos disponíveis nas suas comunidades e distritos.
- Melhoraram os padrões de saúde e nutrição dosbeneficiários do projeto.
- Os beneficiários melhoraram as suas condições de vidaatravés da adesão aos grupos de poupança.
- 90% dos beneficiários do projeto realizaram o teste deHIV, conhecem o seu estado sorológico e iniciaram o tratamento com ARV. Algunsdeles já alcançaram a fase de supressão viral.
- Os beneficiários que haviam abandonado o tratamento com ARV foramassistidos por um psicólogo e retornaram ao tratamento após participarem dassessões de aconselhamento.
- 11.819 adolescentes foram capacitados por meio de sessões de discussãosobre Saúde Sexual e Reprodutiva, Gestão da Menstruação, casamento precoce,bullying, drogas, álcool, violência baseada no género e HIV/AIDS, resultando emmaior conscientização e mudanças de comportamento entre os adolescentes emrelação à igualdade de género, reconhecimento dos sinais de abuso efortalecimento da motivação para atingir metas educacionais.
- Líderes comunitários participam ativamente na sustentabilidade dasatividades iniciadas pelo projeto.
Durante 2015-2018, a SANTAC implementou o projetoMoçambique Pelos Direitos das Meninas nas três províncias de Maputo, Gaza eInhambane. Este foi um projeto de educação, empoderamento e mudança, com oobjetivo de mobilizar toda a sociedade, incluindo rapazes e adultos, para aproteção dos direitos das meninas. O projeto também incluiu crianças fora daescola, que foram envolvidas e educadas através dos embaixadores dos direitosdas crianças, que depois também atuaram para garantir que essas crianças possamvoltar à escola, por exemplo, conversando com e educando os pais sobre odireito da criança à educação, e conversando com o diretor para matricularessas crianças na escola.
“Como fui treinada sobre os direitos da criança, então, quando sinto queeles estão sendo violados, eu converso com as pessoas, chamando a atenção parao fato de que estão cometendo uma injustiça. As violações mais comuns dosdireitos das crianças na minha comunidade são o trabalho infantil e as criançasfora da escola. Na minha comunidade, meninos e meninas não têm direitos iguais.Os meninos têm mais privilégios do que as meninas. Muitas meninas não vão àescola ou, se vão, não concluem os estudos. Em defesa dos direitos dascrianças, eu sensibilizo os membros da comunidade, porque muitos agem dessaforma por não estarem informados sobre os direitos das crianças. Sinto-mehonrada por ser uma embaixadora e estou preparada para ajudar outras criançasda minha escola e da minha comunidade a conhecerem seus direitos e aprotegê-los. Estou feliz! Sou uma agente de mudança, sim. Protejo os direitosdas crianças na escola e na comunidade. É por isso que divulgo esses direitos,para que sejam conhecidos e respeitados.” Denise, 16, Boane
Os resultados da pesquisa no final do projeto mostraramque os embaixadores dos direitos das crianças agora se sentem capacitados para:envolver outras crianças sobre os direitos das crianças (93%), falar comadultos (professores, pais, líderes) sobre questões dos direitos das crianças(94%), ensinar outras crianças sobre seus direitos (98%), ensinar adultos sobreos direitos das crianças e das meninas (95%), e fazer suas vozes serem ouvidassobre os direitos das crianças na mídia (91%). O projeto também teve um efeitosignificativo nos adultos participantes. Por exemplo, após participar doMoçambique Pelos Direitos das Meninas, 100% dos líderes locais entrevistadosadquiriram melhor conhecimento sobre os direitos iguais de meninas e rapazes, e89% adquiriram melhor conhecimento sobre os problemas que afetam as meninas noseu distrito.
“Os embaixadores dos direitos da criança na escola me informaram sobre o‘Moçambique Pelos Direitos das Meninas’. O objetivo é acabar com todaexploração de meninas e fazer com que os direitos das meninas sejam respeitadosem todos os lugares. É um programa muito importante porque os direitos dasmeninas são muito violados aqui. Há pouco tempo, uma das minhas alunas foiforçada pelo pai a abandonar a escola porque ele decidiu que ela se casaria.Infelizmente, isso é comum em Moçambique. Aqui, os pais não dão nenhumaimportância para que suas filhas frequentem a escola. A única coisa que podeacabar com isso é a educação sobre os direitos das meninas.” José Herculano, Principal, Escola 4 de Outubro, Inharrime
O projeto, que concluiu com um seminário liderado porcrianças em Maputo no dia 17 de novembro de 2018, envolveu 758 embaixadores dosdireitos das crianças, 321.997 outros estudantes, 442 líderes escolares e12.400 professores em 902 escolas, 296 líderes tradicionais e 147 líderesreligiosos, e 42 jornalistas. Foi financiado com o apoio da Fundação Care Aboutthe Children da Rainha Silvia da Suécia e da Fundação The World’s Children’s Prize.
Há quase 20 anos, a SANTAC implementa o Programa Prêmio das Crianças doMundo com crianças e professores em escolas de todo Moçambique, com o apoio daFundação The World’s Children’s Prize na Suécia. O Prêmio das Crianças do Mundoé uma iniciativa educacional anual que capacita crianças a se tornarem agentesde mudança que defendem os Direitos da Criança, a democracia e odesenvolvimento sustentável.
“Estou feliz por ter feito o curso. Agora entendo que o meu papel épromover mudanças na minha comunidade e na minha escola. Não posso presenciarviolência contra crianças, especialmente meninas, e permanecer em silêncio.” Zita, 16
Através do programa, as crianças são educadas sobre osdireitos das crianças através das histórias de outras crianças e heróis dosdireitos das crianças que trabalham para proteger os direitos das crianças emtodo o mundo. O programa conclui com um Dia do Agente de Mudança, onde ascrianças, em sua Votação Mundial, votam pelos seus direitos e falam sobre asmudanças que querem ver em apoio aos direitos das crianças na sua comunidade epaís. De 2004 a 2023, mais de 5 milhões de crianças em 1.903 escolas em Moçambiqueparticiparam do Programa Prêmio das Crianças do Mundo, com até 845.090 criançasparticipando em um determinado ano.
““Três anos atrás, o número de meninas queabandonavam o ensino secundário era alto, devido à gravidez e ao casamentoinfantil. Desde o início do Prêmio das Crianças do Mundo na ilha e daimplementação das suas atividades nas comunidades e escolas, houve mudanças.Com as atividades do programa, conseguimos educar os pais e incentivar ascrianças a perceberem o valor da educação. A frequência escolar aumentou e ataxa de abandono entre os rapazes também diminuiu.” Acacia, Professora, Escola Ka-Nyaka
“No nosso distrito, é comum os pais usarem suasfilhas como moeda para pagar dívidas. Algumas meninas são prometidas a homensdesde o nascimento, porque os pais devem dinheiro ou porque o homem é rico eeles acreditam que ele irá sustentar a família e que a menina terá uma vidaboa. As pessoas que vivem aqui não conhecem os direitos das crianças ou quemeninas e meninos têm direitos iguais. Esta formação é importante porque nosajuda a melhorar as condições de vida das meninas e a aumentar o respeito pelosseus direitos na família e na comunidade como um todo.” Joaquina, Professora, Maxixe
From 2015 to 2017, SANTAC in partnership with Terre des Hommes Germany, launched and implemented the activities of the “Unknown Destination Campaign” in Southern Africa, with a budget of 1,200,000 USD. The campaign aimed to protect children on the move, advocating for the implementation of CRC and respecting this group of children in the transit and destination countries. The three-year campaign was active in Mozambique, South Africa and Zimbabwe, and contributed to the creation of conditions of assistance in the destination and transit countries and their safe repatriation.
De 2015 a 2017, a SANTAC, em parceria com a Terre desHommes Alemanha, lançou e implementou as atividades da "CampanhaDestino Desconhecido" na África Austral, com um orçamento de 1.200.000USD. A campanha teve como objetivo proteger as crianças em movimento,defendendo a implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) e orespeito por este grupo de crianças nos países de trânsito e destino. Acampanha de três anos foi ativa em Moçambique, África do Sul e Zimbabué, econtribuiu para a criação de condições de assistência nos países de destino etrânsito, bem como para o seu repatriamento seguro.
Em 2014, a SANTAC coorganizou a Conferência Regionalsobre Políticas de Salvaguarda Infantil, realizada na Cidade do Cabo, África doSul, em colaboração com a USAID, UNICEF Nigéria, WarchildHolanda, Plan, Save the Children e Terre des Hommes Alemanha.A conferência contou com a presença de atores chave de organizações dasociedade civil e instituições governamentais da África do Sul, Namíbia,Angola, Zimbábue, Zâmbia, Suazilândia, República Democrática do Congo eMoçambique. O evento facilitou o compartilhamento e a troca de informações eexperiências, além de fortalecer a cooperação sobre a temática. O orçamento doprojeto foi de 14.470,00 Euros.
Em parceria com a Save the Children International,a SANTAC implementou o projeto Incorporação da Violência, Exploração e Tráficode Seres Humanos na África Austral, iniciado em 2011 e concluído em 2014. Oorçamento foi de 1.172.013 USD.
O objetivo do projeto foi fornecer habilidades econscientização para redes, governos e instituições públicas que trabalham emprol das crianças, a fim de melhorar suas competências e obter uma respostamais eficaz aos desafios enfrentados em suas atividades contra o tráfico decrianças, abuso infantil, exploração infantil, abuso sexual, prostituição,casamento precoce, entre outros. O projeto também visou fazer lobby e facilitara criação de redes entre os principais atores e organizações governamentais quedesempenham um papel na prevenção e combate ao tráfico de pessoas na ÁfricaAustral, incluindo a SADC, para discutir, explorar e defender a adoção deestratégias de intervenção e leis específicas para combater o tráfico e o abusoinfantil.
O projeto criou meios para apoiar meninas vulneráveis,aumentou o conhecimento sobre a definição de tráfico de seres humanos, seusobjetivos, modus operandi e os perfis das vítimas e traficantes. Tambémproduziu e distribuiu materiais educativos e informativos, que contribuírampara o aumento do conhecimento sobre o turismo sexual infantil, o trabalhoinfantil, a exploração sexual infantil, o casamento precoce e reforçou acapacidade dos parceiros e das comunidades. O projeto também apoiou a análisesituacional sobre o tráfico de pessoas e seu impacto na região da ÁfricaAustral.
A SANTAC implementou o projeto Turismo Seguro paraCrianças na África Austral em parceria com a Terre des Hommes Alemanha,de 2010 a 2013, com um orçamento de 80.000,00 Euros. O principal objetivo doprojeto foi fazer lobby e advocacy para a proteção infantil e prevenção dotráfico de crianças e da exploração sexual infantil no setor de turismo. Oprojeto beneficiou 290 organizações da sociedade civil na região, o queaumentou o conhecimento sobre o tema Tráfico de Crianças e possibilitou areplicação de treinamentos em seus países, além da criação de mecanismos paraproteger as crianças do turismo abusivo.